segunda-feira, 24 de novembro de 2008

EXPRESSIONISMO: EXPRESSÃO CHOCANTE DE IDÉIAS E PENSAMENTOS


Éder de Moura¹
Francisco Tarcisio
José Geovânio
Nívia Sandra
Wendel Gonçalves



O Expressionismo surgiu como uma forma dar expressão chocante aos sentimentos e idéias, através da distorção da realidade. Tanto na pintura, como na Literatura, as características presentes eram: a insatisfação, nostalgia, melancolia e paixão, ou seja, os expressionistas buscavam registrar o estrago que a sociedade moderna causava nas pessoas.

Não foi produzido um manifesto expressionista, mas o seu marco deu-se com dois textos: “Os selvagens” (Franz Marc, 1912), e “O Expressionismo na poesia” (Kasimir Edschmid, 1918).

A segunda obra, citada acima, possui uma característica de deformação da realidade, interpretada subjetivamente pelos expressionistas. Nela, a realidade mostra os aspectos hediondos, terríveis e dolorosos. Outro aspecto é o caráter supranacional e, por ultimo, a valorização dos conteúdos subjetivos, que adquirem maior importância do que a experimentação técnica.

O Expressionismo teve sua maior força na Alemanha, onde foram formados dois grupos: “A ponte”, fundado em 1905, em Dresden, por Kirchner, Blye e Heckel, e “O Cavaleiro azul”, no ano de 1911, por Kandinsky, Klee e Macke.

¹Estudantes do Curso de Lic. Plena em Letras da UFPI, Picos-PI.
O primeiro grupo usava cores fortes, agressivas, formas com ângulos duros, com traços primitivos e forte contraste de tons. Já o segundo, foi o que mais exerceu influência na história da arte contemporânea, vindo a extinguir-se em 1914.

Todos os artistas que permearam os anos de 1910 a 1933 foram expressionistas pelas características do Expressionismo. Tal influência estendeu-se ao teatro, à Literatura, à poesia, ao romance e ao ensaio.

Alguns poemas, por exemplo, foram inspirados na catástrofe da guerra, com sentimentos de horror, sofrimento e solidariedade humana.

Segundo Lúcia Helena (1993, p. 42-43), na Literatura, os principais temas abordados são:
A derrocada do mundo burguês e capitalista; a denúncia de um universo em crise; a sensação de impotência diante de um mundo sem alma; visões apocalípticas e negativas; a ênfase na interioridade, no eu, nos sentimentos; a deformação grotesca do mundo; a ânsia de absoluto; a revolta dos filhos contra os pais; o choque das gerações.


Quanto à técnica, o Expressionismo aceita que: a lírica não deve ser rimada, não possuir musicalidade, versos sem sujeito e sem verbos, estilo elíptico e a liberdade de improvisação. Um exemplo desse tipo de poema é o de Jakob Van Hoddis, que em 1911 publica um dos principais poemas expressionistas Weltende (Fim do Mundo):


“O chapéu voa da cabeça do cidadão,
Em todos os ares retumba-se gritaria.
Caem os telhadores e se despedaçam
E nas costas – lê-se – sobre a maré.
A tempestade chegou, saltam a terra
Mares selvagens que esmagam largos diques.
A maioria das pessoas tem coriza.
Os trens precipitam-se das pontes”.
Na poesia, o artista empenhava-se por mostrar o homem como objeto da realidade, não escondendo suas opiniões:

Assim, o universo total do artista expressionista torna-se visão (...). Ele não colhe, ele procura. Agora não triste mais a cadeia dos fatos: fábricas, casas, doenças, prostitutas, gritaria e fome. Agora existe a visão disso. Os fatos têm significado somente até o ponto em que a mão do artista o atravessa para agarrar o que se encontra além deles. (EDSCHMID, In: TELES, 1987, p. 111).

Os Expressionistas não se identificavam com o modelo literário da geração anterior, nem com os princípios marxistas do socialismo da época, por isso chegavam a pregar um humanismo ingênuo, em que combatem a violência e a hipocrisia.

No Brasil, Augusto dos Anjos, autor do livro EU, apresentava muitas características expressionistas, pois possuía a atmosfera de densidade psicológica de dor, lamento e destruição. Em sua lírica utilizou um vocábulo extremamente científico, criando, no leitor, uma poesia impactante.

Na pintura, o Expressionismo teve sua representação. A tela que mais representa este movimento, pela angústia que demonstra, é O Grito (1906) do norueguês Edvard Munch:



A violência profética do que haveria de ser o grito lancinante da Europa dos guetos e dos campos de concentração e extermínio nazista, dos bombardeamentos em massa e dos Gulag estalinistas. Sobretudo, impossível de englobar em um só grito e de olvidar pela História, o trágico Holocausto, que aplicou a dizimação de milhões de judeus da Europa e explorou antes sua mão-de-obra escrava.

O Expressionismo influenciou muito mais a poesia que a pintura. Como sinal dessa identificação, havia, sobretudo, a crueza do verso, do verso militante que não procurava sustentar-se no lirismo, mas no descarnamento da realidade, uma poesia até o osso, como foi citado mais acima. Como nas obras de arte, o aspecto da deformação da realidade e a angústia existencial do homem moderno estão patentes na poesia expressionista.
¹Estudantes do Curso de Lic. Plena em Letras da UFPI, Picos-PI.

Bibliografia
HELENA, Lúcia. Movimentos da Vanguarda Européia. São Paulo: Scipione, 1993.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Européia r Modernismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Record, 1987.
Página na internet:
http://poetasalutor.blogspot.com/2007/10/expressionismo-uma-profecia-da-brbarie.html

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