quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Que alegria!


Nossa professsora, ao lado das garotas felizes.


Minha primeira equipe de trabalho.


O quadruplo que não se separa.


À nossa querida professora Ms. Cristiane,juntamente com suas monitoras,que cinderelas.


Geovânio, ao lado de Francismar.Que lindos!


Quem diría, mas a tristeza do Geovânio, contagiou à Auzení.


Maria Helena, ao lado de suas duas amigas.


Início da aula.


Nossa turma de teoria II.


A nossa, querida professora, juntamente com os alunos, de ficção e, teoria II.


Os grandes, e os pequenos.


Os garotos propaganda.


Minhas melhores amigas.


Rasley Santos, e suas companheiras de trabalho.


As garotas do fundão.


FINAL DA AULA


Balada do Louco

http://www.mp3tube.net/musics/Os-Mutantes-Balada-do-Louco/150585/

Biquini de Bolinha

http://www.mp3tube.net/br/musics/Jovem-guarda-Biquini-De-Bolinha-Estupido-Cupido-Banho-De-Lua-Broto/184799/

Macunaíma

http://br.youtube.com/watch?v=QduPWn4CPx0

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Geovanio Martins em seus dias de alegria ao lado da professora Cristiane


A Professora Mestre Cristiane


O PRIMEIRO MANIFESTO DO FUTURISMO: UMA ABORDAGEM CRÍTICA

Wendel Gonçalves de Deus

RESUMO:

O Manifesto Futurista, de autoria do poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876 - 1944), é publicado em Paris em 1909. Nesse primeiro, de uma série de manifestos veiculados até 1924, Marinetti declara a raiz italiana da nova estética: “... queremos libertar esse país (a Itália) de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários". Falando da Itália para o mundo, o Futurismo coloca-se contra o "passadismo" burguês e o tradicionalismo cultural. À opressão do passado, o movimento opõe a glorificação do mundo moderno e da cidade industrial. A exaltação da máquina e da "beleza da velocidade", associada ao elogio da técnica e da ciência, torna-se emblemática da nova atitude estética e política. Outra sensibilidade condicionada pela velocidade dos meios de comunicação, está na base das novas formas artísticas futuristas.

PALAVRAS-CHAVE:

Violência; choque; velocidade; tecnologia; novo.


INTRODUÇÃO

As mudanças tecnológicas por que o mundo passou na virada do nosso século transformaram as maneiras de o homem perceber a realidade. O automóvel, o avião, o cinema deslocaram e aceleraram o olhar do homem moderno. Em meio a essas transformações, surgem várias manifestações artísticas – Impressionismo, Expressionismo, Futurismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo -, que ficariam conhecidas como “correntes de vanguarda” e que, conjugadas, dariam origem ao Modernismo. Neste trabalho discutiremos pontos importantes e trechos do Primeiro Manifesto do Futurismo (1909).


O FUTURISMO

O Futurismo foi o primeiro movimento artístico e literário que teve origem no início do século XX, antes da Primeira Guerra Mundial, e que se desenvolve na Europa, sobretudo na Itália, não se restringiu apenas à arte, mas na verdade, abrangeu vários campos da experiência humana, tendo participado também da literatura, artes plásticas, música, costumes e da política. Teve seu apogeu entre 1909 e 1920 e nele havia uma enorme vontade de começar tudo de novo. Afirmava-se que sua história divide-se em três fases:
1° fase de 1905-1909, em que defende o princípio do verso livre, que era aquele que não tinha métrica, nem rimas fixas.
2° fase de 1909-1919, onde valorizava a “imaginação sem fio” e as “palavras em liberdades, ou seja, não mais as regras da sintaxe gramatical.
3° fase de 1919 em diante, quando se vincula ao fascismo.
O líder dos futuristas foi o poeta ítalo-francês Felippo Tommaso Marinetti, com seus trabalhos, que estudara em Paris, onde publicou La conquête des étoiles (1902) e Destruction (1904), livros que despertaram o interesse de escritores de créditos já firmados na época como P. Claudel. Como principais representantes da escola italiana de Marinetti tiveram: Paolo Buzzi (1874-1956), Ardengo Soffici (1879-1964), Giovanni Papini (1881-1956), Enrico Cavacchioli (1884-1954), Corrado Govoni (1884-1965), Aldo Palazzeschi (1885-1974), Luciano Folgore (1888-1966). Mas foi Marinetti o maior protagonista do Futurismo e foi ele quem elaborou o primeiro manifesto futurista, publicado, na primeira página do jornal Le Figaro, em 1909.
Um manifesto repleto de frases retóricas e de radicalismo dialético, mostrava as impetuosas alegrias do Futurismo e a aceitação do moderno mundo tecnológico: máquinas, produção em massa, sons mecânicos, velocidade e a destruição de tudo o que era velho.
Então, com o vulto coberto pela boa lama das fábricas - empaste de escórias metálicas, de suores inúteis, de fuliges celestes -, contundidos e enfaixados os braços, mas impávidos, ditamos nossas primeiras vontades a todos os homens vivos da terra: 1.Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.2.A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia. 3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o murro.4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
No fragmento acima, percebemos claramente que a arte era colocada pelos futuristas como uma forma de choque, neste sentido suas poesias eram repletas de coragem, audácia e revolta, pois a caráter agressivo de Marinetti revelava a grande vontade de criar um impacto. Segundo os futuristas, a arte do passado tendia à meditação, daí a idéia de sono no fragmento 3, pois em aversão a isto, eles pregaram uma arte insone, de olhos abertos para a vida presente, capaz de proclamar o futuro. Já no fragmento 4, os futuristas citam um novo conceito de beleza, pois não há mais a distinção entre beleza e feiúra, tudo era visto como uma arte, arte essa que é manifestada como uma força violenta. O Futurismo propôs uma apreciação profunda à civilização técnica, por esse motivo, a grande paixão deles era o automóvel, as máquinas, o avanço tecnológico do século XX, a industrialização, tudo isso era mais belo do que a famosa escultura italiana “Vitoria de Samotrácia” citada no fragmento.
5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada a toda velocidade no circuito de sua própria órbita.6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas para obrigá-las a prostrar-se ante o homem.
Nestes fragmentos, percebemos de forma clara o amor futurista ao mundo presente, as grandes cidades eram cenários bem valorizados, devido estarem repletas de máquinas, de automóveis, em velocidade constante, graças ao progresso e o urbanismo da época.. Marinetti insistia na idéia da violência, do choque e do agressivo, para os futuristas a beleza estava na luta, na guerra e no combate.
8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna velocidade onipresente.9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas idéias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo tipo, e combater o moralismo, o feminismo e toda vileza oportunista e utilitária.
Quando Marinetti cita: “... O Tempo e o Espaço morreram ontem..”, há uma grande consagração ao futuro, o repúdio ao passado, a idéia da força ilimitada que possui o super-homem moderno. O canto à guerra, a violência como um elemento de higiene do mundo, tornam-se componentes acríticos do Futurismo. Essa idéia de destruição a tudo o que fosse velho, é a glorificação do novo, “é novo para o meu tempo e não serve para o futuro” uma das intenções de Marinetti.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos a maré multicor e polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas elétricas: as estações insaciáveis, devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas suspensas das nuvens pelos contorcidos fios de suas fumaças; as pontes semelhantes a ginastas gigantes que transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os navios a vapor aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de amplo peito que se empertigam sobre os trilhos como enormes cavalos de aço refreados por tubos e o vôo deslizante dos aeroplanos, cujas hélices se agitam ao vento como bandeiras e parecem aplaudir como uma multidão entusiasta.É da Itália que lançamos ao mundo este manifesto de violência arrebatadora e incendiária com o qual fundamos o nosso Futurismo, porque queremos libertar este país de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários.
As grandes multidões agitadas pelo trabalho, Marinetti se refere à cidade de Paris, ele canta esse tipo de cidade, dando ênfase ao caráter urbano de sua arte, coloca a cidade como musa, a fonte de inspiração do poeta futurista. Há um grande uso de metáforas e adjetivações, como citado “luas elétricas”, concretizando a idéia de amor ao mundo presente, a tecnologia, a máquina, ao progresso técnico do mundo moderno. Ao lançar ao mundo o manifesto de violência, Marinetti enfatiza o caráter patriótico de nacionalismo dos futuristas. Enfim, percebemos que no primeiro manifesto do Futurismo (1909), Marinetti apelava não só a uma ruptura com o passado e com a tradição, mas também exaltava um novo estilo de vida, de acordo com o dinamismo dos tempos modernos. No plano literário, a escrita e a arte são vistas como meios expressivos na representação da velocidade, da violência, que exprimem o dinamismo da vida moderna, em oposição a formas tradicionais de expressão. Rompe-se com a tradição aristotélica no campo da literatura, que já estava enraizada na cultura ocidental. O Futurismo contesta o sentimentalismo e exalta o homem de ação. Destaca-se a originalidade, que Marinetti procura pelo elogio ao progresso, à máquina, ao motor, a tudo o que representa o moderno e o imprevisto.


BIBLIOGRAFIA

HELENA, Lúcia, Movimentos da Vanguarda Européia. Coleção Margem do Texto.
São Paulo: Editora Scipione Ltda, 1993.

MUNIZ, Dina e CEIA, Carlos. Futurismo.In:http:// www..fcsh.unl.pt.edt/verbetes

VERONESE, Cesar. Vanguardas Européias.In:http:// www.portrasdasletras.com.br

Das Vanguardas Européias ao Modernismo brasileiro.

Éder de Moura Deus
A proposta deste trabalho é analisar a relação existente entre os propósitos teóricos e resultados que nortearão o movimento o vanguardista Europeu e encontrar os pontos de convergência que serviram de lixo para o estabelecimento e a proliferação do movimento modernista brasileiro na primeira fase, bem como caracterizar a influencia das vanguardas européias deste período.
Relacionando a primeira fase com a influencia sofrida no contexto mundial, estabelecendo uma correlação com o contexto sócio-econômico cultural no qual se encontrava o país, afim de que possamos explicar a periodização do modernismo brasileiro, pelo fies sociocultural do país, bem como pelo fies dos pressupostos vanguardas europeus.

Palavras – Chave: Vanguardas européias, influência, modernismo brasileiro.

O termo Vanguarda vem do Francês Avant-guarde que significa o movimento artístico que “marcha na frente” anunciando a criação de um novo tipo de arte que também demonstra o caráter combativo das “Vanguardas” dispostas a lutar combativamente um prol da abertura de novos caminhos artísticos [HELENA, 1993, pg 05]
No final do século XIX a Europa encontra-se caracterizada por duas situações antagônicas: a euforia do processo industrial e dos avanços teóricos científicos, por outro lado, as conseqüências desse avanço do processo industrial é uma acirrada disputa pelos mercados consumidores e favorecedores que resultou na primeira guerra mundial. De um lado encontramos uma burguesia eufórica do outro todo pessimismo da decadência simbolista.
E em meio a esse emaranhado contexto sugere um clima propicio para uma efervescência artística que resultou no aparecimento de varias tendências que buscavam encontrar uma nova maneira de interpretar nossa realidade. E é neste conturbado período que surge uma multiplicidade de ”ismo” convencionado assim as chamadas Vanguardas européias.
Nas primeiras décadas do século XX, começaram a formar grupos de escritórios que sentiam a necessidade de renovação da literatura brasileira, o atual momento de construção artístico, constituía uma ânsia de renovação que tem o foco inicial de vertente européia que espalhou-se pelas Américas, mas o movimento brasileiro surgiu muito mais tarde, quase que como um eco do movimento vanguardista europeu.
Pois, ao completar cem anos de Independência, o Brasil passava por um surto de desenvolvimento urbano e industrial, criando uma idéia de que o país se modernizava com o centenário de Independência e deveria desenvolver também uma renovação cultural, no entanto, mostrou-se totalmente dependente dos padrões culturais europeus, pois apesar de não seguir a risca os elementos provenientes das vanguardas européias para exprimir os conteúdos modernos, porém brasileiros, pois eram provenientes da realidade de industrialização pelo qual o país passava , mas apesar de exprimirem conteúdos nacionais, ainda assim, o grupo de intelectuais modernistas apresentou-se totalmente dependente dos padrões culturais provenientes das vanguardas européias.
Após esta breve explanação do surgimento do Modernismo e do contexto que o inspirou bem como das influências advindas da Europa, faz se necessário conhecer sua proliferação no Brasil e necessidade de auto-afirmação na principal fase que o constitui.
A primeira fase do Modernismo brasileiro também conhecido como fase heróica inicia-se tradicionalmente com a realização da semana de Arte moderna na cidade de São Paulo, em 1922 foi considerado o marco introdutório do modernismo na literatura brasileira. Idealizada por um grupo de artistas a semana tinha por objetivo colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de consciência da realidade brasileira. Para isso na melhor que as palavras de Antônio Candido para comprar esta afirmação.

Os nossos modernistas da arte a vanguarda, aprenderam a psicanálise e plasmaram um tipo ao mesmo tempo local e universal de expressão, reencontrando a influencia européia por um mergulho no detalhe brasileiro.
[CANDIDO, 200, P 121]






O período de 1922 a 1930 é o período mais radical do movimento modernista, pois ao mesmo tempo que se procura o modernismo, o original o polemico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas faces na qual posso destacar a busca das raízes da nacionalidade através da literatura com a historia do personagem Macunaíma um herói brasileiro indígena.

No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, era herói de nossa gente era preto retinho e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silencio foi tão grande escutando o murmurejo de Uraricoera, que a índio tapanhumas pariu uma criança feia.
[ANDRADE, 2004, P65]

Podemos perceber que apesar de serem influenciados pelos movimentos vanguardistas europeus,e do momento conturbado que vive a literatura deste período, também tinham por objetivo construir uma identidade cultural do nosso país e a cidade de São Paulo na visão de Mario de Andrade além de ser o berço do modernismo brasileiro representava o coração do desenvolvimento urbano e industrial do país, então nada mais justo que romper com as estruturas passadistas em tomar como musa ao invés uma donzela apaixonada, uma cidade e como o próprio poeta denomina multifacetada e artequinal.
São Paulo comoção de minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!... traje de losangos ... cinza e ouro..
Luz e bruma... fórico inverno morno...
Elegância sutis sem escândalos, sem ciúmes
Perfumes de Paris... Arys!
Bofetadas líricas no trinou... Algodoal!...
São Paulo ! comoção de minha vida...
Galasiano a berrar nos desertos da América !

[ ANDRADE, 1976, P. 39]


Apesar do notório empenho dos modernistas brasileiros em romper com as amarras dos pressupostos vanguardistas europeus o que liga ambos os movimentos.
E o grande esforço dos mesmos em buscar a qualquer custo uma auto-afirmação e uma identidade nacional que é o ponto principal a se destacar nesta fase são os manifestos modernista, como o manifesto nacionalista, o manifesto do pau-brasil, o manifesto da antropofágia , e o manifesto do verde- amarelismo o qual destaco como principal disseminador do movimento modernista brasileiro desta fase por sua proposta de uma nacionalidade primitivista e ufanista encabeçado a vertente da auto afirmação do modernismo brasileiro.

Foi o índio que nos ensinou a ver os sistemas e todas as teorias. Criar um sistema em nome dele será substituir a nossa instituição americana e nossa consciência
de homens livres...

[TALES, 199, p. 365]

O que pode-se perceber ao longo deste resgate da primeira fase do Modernismo Brasileiro é que apesar do notório empenho dos modernistas em romper com as amarras do “ismo” dos pressupostos vanguardistas europeus e que ambos os movimentos encontraram – se entrelaçados por uma estrutura sólida que varia apenas nos objetivos de proliferação e resgate das estruturas culturais




























BIBLIOGRAFIA



ANDRADE, Mario de. Poesias Completam. São Paulo, 1976.

ANDRADE, Mario de. Macunaíma. Livraria garmer.2004.

CANDIDO, Antônio Formação da Literatura Brasileira – momentos decisivos, 2 vol, São Paulo, Edusp/Itatiaia.

HELENA, Lúcia, Modernismo brasileiro e Vanguarda: . 3 ed. São Paulo: Atica, 1993.

TELES, Gibert Mendonça, Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro, 15 ed. Rio de Janeiro. Vozes. 1992.












segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O primeiro manifesto do futurismo (1909): uma abordagem crítica

Por: Francisco Tarcísio da Rocha
Palavras-Chave: Futurismo, Manifesto, Marinetti, Modernismo.


Ao se iniciarem os anos de 1900, a Europa suportava a herança do final do século XIX, caracterizada por duas situações antagônicas, mas complementares: euforia exagerada diante do progresso industrial e dos avanços técnico-científicos e , contrastando com o clima eufórico da burguesia, também vamos encontrar o pessimismo característico do fim do século, representado pelo decadentismo simbolista.

Essa contradição gera um clima propício para a efervescência artística, favorecendo o aparecimento de várias tendências preocupadas com uma nova interpretação da realidade. A essa multiplicidade de tendências, os vários -ismos- Futurismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo; convencionou-se chamar vanguarda européia, responsável por uma verdadeira inundação de manifestos (só o Futurismo lançou mais de 30), escritos entre 1909 e 1924, ou seja, durante a guerra e nos anos imediatamente posteriores.

O Futurismo, primeiro manifesto do movimento, foi publicado em 20 de fevereiro de 1909, assinado por Filippo Tommaso Marinetti. Apresentava como pontos fundamentais a exaltação da vida moderna, da máquina, da eletricidade, do automóvel, da velocidade e uma inevitável ruptura com os modelos do passado. Assim, vejamos alguns trechos:

__ Vamos, meus amigos! Disse eu. Partamos! Enfim a Mitologia e o Ideal místico estão ultrapassados. Vamos assistir ao nascimento do Centauro e veremos logo voarem os primeiros Anjos! __ É preciso abalar as portas da vida para nela experimentar os gonzos e os ferrolhos!... Partamos! Eis o primeiro sol nascendo sobre a terra!... Nada é igual ao esplendor de sua espada vermelha que se esgrima pela primeira vez nas nossas trevas milenares.
(TELES, 1983)

Nesse trecho Marinetti conclama seus colegas a se aventurarem rumo ao novo; com coragem, sem medo de se desprenderem dos modelos do passado, tidos por ele como ultrapassados e mergulharem na nova maneira de expressar a arte.

Nós queremos glorificar a guerra -única higiene do mundo- o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas idéias que matam, e o menosprezo à mulher.
Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas e utilitárias. (TELES, 1983)


Essa proposta do manifesto Futurista tinha como objetivo se desprender do passado de forma radical, anárquica, livrando-se de tudo que lembrasse o antigo modelo e a arte clássica.

Em 1912, surge o Manifesto Técnico da Literatura Futurista, propondo “ a destruição da sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem”, o uso de símbolos matemáticos e musicais e o menosprezo pelo adjetivo, pelo advérbio e pela pontuação.

É importante salientar dois aspectos muito relevantes do Futurismo: primeiro, a total identificação entre o movimento e seu líder, a ponto de se tornarem quase sinônimas as palavras Futurismo e Marinetti: segundo, a adesão de Marinetti ao Fascismo de Mussolini, a partir de 1919, dadas as evidentes afinidades ideológicas entre eles. Assim, apesar de seus seguidores apresentarem uma série de pontos em comum com o movimento de Marinetti, aceitavam suas idéias artísticas, mas repudiavam seu pensamento político.

O movimento futurista é muito amplo e não se restringiu apenas à arte. Na verdade, abrange vários campos da experiência humana, tendo participado da literatura, das artes plásticas, da música, dos costumes e da política.

No entanto, aqui no Brasil, o Futurismo se quer se constitui como movimento, nem mesmo gerou a publicação de uma revista, embora um fragmento do primeiro manifesto do Futurismo, de 1909, tenha sido publicado no jornal A República, em Natal.

Oswald de Andrade foi quem divulgou o termo em São Paulo, com o artigo “ Meu poeta futurista” sobre Mário de Andrade; no entanto, este discordou e, logo tratou de negar sua vinculação ao Futurismo. Pois, não queria ser associado às idéias de Marinetti, tendo o movimento pouca repercussão e adeptos aqui no Brasil.

BIBLIOGRAFIA

HELENA, Lúcia. Movimento da Vanguarda Européia. São Paulo: Scipione, 1993.

TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e Modernismo brasileiro. 8ª Ed.. Petrólis: Vozes, 1983.

O CUBISMO: ENTRE A DESTRUIÇÃO E A CONSTRUÇÃO

Nívia Sandra Ribeiro de Sousa CASTRO
UFPI – Campus de Picos
RESUMO: o objetivo deste artigo é conhecer um pouco mais sobre o Cubismo, um movimento vanguardista que teve seu apogeu entre 1907 a 1914. Para tal fim, se fez necessário basear-se em autores como TELES (1983), HELENA (1993), DE NICOLA (2006), FARACO e MOURA (1987) e OLIVEIRA (2003), que expõem de forma esclarecedora conceitos fundamentais para uma melhor compreensão do que vem a ser o movimento cubista, suas influências, características e contribuições para a arte de forma geral. Nesse trabalho discutiremos questões como a decomposição da arte já existente, em detrimento da recomposição de uma nova arte, dentro de uma perspectiva cubista que tem como principais características a geometrização das formas e volumes, renúncia à perspectiva, o claro-escuro perde sua função, representação do colorido sobre superfícies planas e sensação de pintura escultórica.

Palavras-chave: vanguarda, cubismo, decomposição, recomposição, formas geométricas.

INTRODUÇÃO

O movimento cubista ocorrido no início do século XX ambicionava criar um modo de expressão em que o artista fraciona o elemento da realidade que está interessado em representar e, depois, expressar através de planos superpostos e simultâneos. Sua característica fundamental é o ilogismo, o humor e uma linguagem mais ou menos caótica.

Os mais importantes nomes cubistas na pintura são: Picasso, Braque, Fernand Leger, Mondrian Delaunay. A literatura cubista foi inaugurada por Guiellaume Apollinaire que se preocupou com a construção física do texto, buscando valorizar o espaço da folha e a camada significante das palavras, negou a estrofe, a rima e o verso tradicional. Esse seria o embrião da nossa poesia concreta da década de 50.

Debateremos, nesse trabalho, a proposta do vanguardismo cubista que defende não apenas a técnica da destruição, mas acrescenta-lhe a técnica da construção.

CONTEXTO HISTÓRICO DO CUBISMO

Ao se principiarem os anos de 1900, a Europa suportava a herança do final do século XIX, caracterizada por duas situações opostas, porém, complementares: euforia exagerada diante do progresso industrial e dos avanços técnico-científicos e as conseqüências desse desenvolvimento no processo burguês-industrial. Havia uma disputa cada vez mais intransigente na busca pelo governo dos mercados fornecedores e consumidores, que resultaria na primeira Guerra Mundial. Dessa forma, em contraste com o clima eufórico da burguesia, era visível o pessimismo característico do final do século, manifestado através do decadentismo simbolista.

As primeiras décadas do século XX foram marcadas por um notável desenvolvimento científico e tecnológico. Muitas invenções e descobertas realizadas em 1900 a 1920 alteraram profundamente a face do mundo, criando um novo ritmo de vida. Mas esse progresso material foi acompanhado de graves agitações sociais e políticas, das quais a principal foi à eclosão do Primeiro Grande Conflito Mundial (1914-1918). Seus trágicos episódios marcaram o clima espiritual da época provocando um estado geral de angustia e inquietação.

De acordo com o relato de DE NICOLA (2006), todas essas contradições proporcionam um ambiente favorável à efervescência artística, propiciando o aparecimento de várias tendências preocupadas com uma nova interpretação da realidade. A essa multiplicidade de tendências, os vários – ismos – Futurismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo – convencionou-se chamar de vanguarda européia, responsável por uma verdadeira inundação de manifestos, escritos entre 1909 e 1924, ou seja, durante a guerra e nos anos imediatamente anteriores e posterior.

Como vanguardistas passaram a ser definidos os artistas e intelectuais que, não satisfeitos com o que se produzia na época, buscaram novas formas de expressões artísticas, tanto na linguagem como na composição. A ruptura com o passado e a pesquisa de novos meios de expressão são as marcas registradas da arte no início do século XX. A ânsia de buscar novos caminhos explica o aparecimento de vários movimentos, principalmente nas artes plásticas e na literatura.

Foram várias as idéias que nortearam os principais movimentos dessa época. Entre elas encontramos o Cubismo, que se manifestou tanto na pintura como na literatura. Teve como principais características a geometrização das formas e volumes, renuncia à perspectiva, o claro-escuro perde sua função, representação do volume colorido sobre superfícies planas, sensação de pintura escultórica. De acordo com OLIVEIRA (2003), seguindo essa tendência, as figuras, reduzidas a formas geométricas apresentam, ao mesmo tempo, o perfil e a frente mostrando mais de um ângulo de visão.

O VANGUARDISMO CUBISTA

Nascido a partir das experiências de Pablo Picasso e de Georges Braque, o Cubismo desenvolveu-se inicialmente na pintura, valorizando as formas geométricas (cones, esferas, cilindros, etc) ao mostrar um objeto em seus múltiplos ângulos. Na explicação de HELENA (1993), a origem do nome cubismo diz-se ser derivado de um comentário do pintor Matisse que ao observar alguns quadros de Braque os teria denominado de “caprichos cúbicos”. A pintura cubista surgiu em 1907 com a tela Les Demoiselles d’Avignon, considerado o trabalho mais revolucionário de Picasso e conhecida como a primeira obra cubista. Após a Primeira Guerra Mundial é considerado seu declínio. A proposta cubista tinha como ponto central à liberdade que o artista deveria ter para decompor e recompor a realidade a partir de seus elementos geométricos.

Segundo Picasso: “O trabalho do artista não é copia nem ilustração do mundo real, mas um acréscimo novo e autônimo, a arte é uma mentira que nos faz perceber a verdade”.

A primeira tela de Picasso Les Demoiselles d’Avignon foi influenciada pela cultura africana e ibérica. Nessa obra, o pintor retrata cinco mulheres de um bordel francês em poses sensuais. As duas mulheres no centro da tela têm expressões de andaluzas, sul da Espanha onde nasceu o pintor. As outras três tem feições que lembram máscaras africanas. A mulher que está sentada à direita no quadro pode ser vista como exemplo da ruptura com a forma de ver o mundo por uma única perspectiva, pois seu corpo é visto de costas e seu rosto, de frente.

Na literatura, o Cubismo teve seu início marcado por um manifesto que, para alguns, não chegava a ser um manifesto propriamente, mas apenas uma síntese, que foi assinado por Guillaume Apollinaire, publicado em 1913. Esse texto ficou famoso por representar a passagem do Futurismo para o Cubismo. As teorias e propostas do Cubismo foram expostas em livros, tanto na pintura como na literatura. Essa forma de literatura valoriza a proposta vanguardista de aproximar ao máximo as diversas manifestações artísticas, como a pintura, música, literatura e a escultura, preocupando-se com a construção do texto e ressaltando a importância dos espaços em branco e em preto da folha de papel e da impressão tipográfica. Essas características influenciaram o brasileiro Oswald de Andrade, na década de 1920, bem como a chamada poesia concreta da década de 1950.

Apollinaire defendia as “palavras em liberdade” e a “invenção de palavras” e propunha a “destruição das sintaxes já condenadas pelo uso”. O texto criado era marcado pelos substantivos soltos, jogados aparentemente de forma anárquica e pelo menosprezo por verbos adjetivos e pontuação. Outro ponto defendido é a utilização do verso livre e conseqüente negação da estrofe, da rima e da harmonia. Como ocorrem na pintura, a colagem e o reaproveitamento de outros materiais passaram a ser assimilado pelos textos poéticos. Aqui no Brasil, o movimento da poesia concreta faz a exploração do conceito da estética cubista. Isso pode ser observado no poema “AMORTEMOR”, de Augusto de Campos, como expõe em sua obra DE NICOLA (2006).

Os textos literários Cubistas aproveitam, de forma inteligente, os preceitos defendidos pelos futuristas. A diferença marcante entre esses dois movimentos é porque enquanto os futuristas defendem a destruição da arte existente, os cubistas vão além, pregando não só essa destruição, mas também, a reconstrução, criando uma arte nova e diferente. Essa idéia do construtivismo é uma inspiração que vem do francês Paul Cézanne, que em sua obra representa a natureza com formas semelhantes às geométricas, como explica TELES (1983).

A primeira fase cubista, conhecida como cezanniana, tem seu fim em 1910. Tem início então, a segunda fase chamada de analítica. Aqui inicia o cubismo propriamente dito. Nessa etapa, a forma do objeto é subordinada a superfície bidimensional da Terra, aproximando da abstração. Segundo texto de ALENCAR (2008) a fragmentação dos objetos é tanta que a identificação das figuras é quase impossível. Na terceira e última etapa, que se estende de 1912 a 1914, sendo denominada sintética, procura-se recuperar um pouco as formas, usando cores mais fortes e composições mais decorativas, preferindo formas arredondadas e menos angulosas. Fez-se uso de colagem introduzindo outros elementos na tela como letras, números, madeira, vidro, pedaços de jornais, entre outros.

CONCLUSÃO

Com base nas pesquisas bibliográficas, é fácil entender a essência do movimento cubista, que revelaria o nome mais importante da pintura do século XX, o espanhol Pablo Picasso que encontra no poeta francês Guillame Apollinaire seu principal porta voz. Em 1913 ele propõe “Literatura pura Palavras em liberdade Invenção de palavras”, pregando o abandono das formas literárias consagradas, dos modelos e dos padrões e incentivando a busca de técnicas ou ritmos renovados sem cessar.

Outro ponto relevante no cubismo é a apresentação dos objetos através de ângulos retos, planos geométricos e formas descontinuadas, proporcionando as pessoas que observam, várias formas de interpretação. O objeto pode ser compreendido de acordo com a perspectiva que está sendo observado, derrubando por terra o pensamento absolutista da coisa pregada pela arte existente na época. A crença na arte “retratista” é demolida pelo Cubismo. Como disse Max Jacob, um dos maiores poetas cubista: “a obra de arte vale por si mesma e não pela comparação que se possa fazer entre ela e a realidade”.

Diante de todo exposto, podemos observar que a partir desses movimentos vanguardistas a arte deu uma grande reviravolta. Se até aquele momento toda produção artística não seguisse os padrões considerados corretos, não era considerada arte. Esse movimento representa um grito de libertação, mesmo que tenham cometido exageros, não se pode negar que sua contribuição foi de suma importância para as mudanças ocorridas no campo artístico a partir daquela época. Aqui no Brasil, por exemplo, não é difícil perceber esses reflexos, principalmente no grande evento da Semana da Arte Moderna, onde de uma forma ou de outra pregavam também, essa ruptura com a forma existente de se fazer arte.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernismo brasileiro. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 1983.

HELENA, Lúcia. Movimento de vanguarda européia. São Paulo: Scipione, 1993.

DE NICOLA, José. Painel da literatura em língua portuguesa: teoria e estilos de época do Brasil e Portugal. São Paulo: Scipione, 2006.

OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. Minimanual compacto de literatura: teoria e prática. 1. ed. São Paulo: Rideel, 2003.

ALENCAR, Valéria Peixoto de. Arte sobre nova perspectiva. In: http://educação.uol.com.br/artes/ult1684U9.jhtm_47k. Acesso em 26 out. 2008.





DADAÍSMO: O MOVIMENTO MAIS RADICAL DOS MOVIMENTOS DE VANGUARDA DO INÍCIO DO SÉCULO

José Geovânio Buenos Aires Martins-UFPI¹
Eu lhe digo: não há começo e nós não trememos, nós não somos sentimentais. Nós rasgamos, vento furioso, o linho das nuvens e das preces, e preparamos o grande espetáculo do desastre, do incêndio, da decomposição. Preparamos a supressão do luto e substituímos as lágrimas pelas sereias estendidas de um a outro continente. Pavilhões de alegria intensa e viúvos da tristeza o veneno. DDÁ é a insígnia da abstração; a propaganda e os negócios são também elementos poéticos. (Manifesto dadá, 1918).




Surgimento e significado do Dadaísmo
Este movimento foi fundado na Suíça, mais precisamente em Zurique, por volta de 1915 ou 1916², no período em que a primeira Guerra Mundial estava em pleno vapor. Possuía um caráter de negação e ênfase na destruição e anarquia de valores e formas. Para isto, tinham base no slogan de Bakunin: “A destruição também é criação”.

O líder dadaísta Tristan Tazra definia o movimento como “Dadá não significa nada”, já que encontrara, de uma forma inusitada, em um dicionário, o significado da palavra. Já para o escritor André Gide, “Dada é o divórcio após o qual tudo recomeça”, ou seja, para começar do nada teria que extinguir o que já existia.





² Alguns autores divergem quanto à data de 1915 ou 1916.

Tudo isto mostra que os dadaístas buscavam a destruição da arte acadêmica e tinham grande admiração pela arte abstrata. Repudiavam o bom senso e a seriedade. A maior prova disto é a receita que Tazra dá pra se fazer um poema dadaísta. Ele diz que deve-se pegar um jornal, recortar palavras, colocá-las em um saco, retirá-las e copiá-las conforme a ordem que for retirada. No fim de tudo isto, você terá um poema original e de sensibilidade graciosa.


Dadaísmo: palavras com significação contida no significado
Ao serem destruídas as hierarquias intelectuais, os escritores dadaístas caíram no irracionalismo, utilizando recursos como o do automatismo psíquico e explorando o mundo pré-lógico através das livres associações de palavras e metáforas, ou seja, faziam de suas criações uma linguagem própria que, ainda sem significado para muitos, para eles era a máxima da produção criativa e pessoal. Segundo Teles (1978,p.133),

Outros processos como o da visão simultânea e sucessiva, a ausência do rigor de unidade e coerência na mensagem, a destruição da linguagem, o sentido jogralesco do grupo e um desprezo total pela participação do leitor fazem da obra dadaísta uma obra completamente afastada do público que, já em 1916, na França, não conseguia acompanhar a linguagem dos novos poetas.


Como o texto acima diz, esta era uma arte estranha às pessoas, uma leitura incompreensível, sem significância alguma. Era mais uma explosão de idéias sem nexo para chamar a atenção no sentido de “desconstrução da realidade”. O próprio líder do movimento tinha este tipo de poesia como “atividade de espírito”.

O apogeu do movimento dadaísta foi o ano de 1920, quando o Cubismo perdeu sua força e a cultura francesa começou a se expandir. Ele costuma ser bastante identificado aos ready mades de Duchamp, como os urinóis elevados à categoria de obras de arte ou outras proezas do artista, como o acréscimo de bigodes à Mona Lisa. Os poemas non sense, as máquinas sem função de Picabia, que zombavam da ciência, ou a produção de quadros com detritos, como Merzbilder, de Schitters, são outras obras caracterizas do Dadaísmo.

Desde o início, o Dadaísmo pretendia ser um movimento internacional nas artes. Picabia era o artista que acabou por fazer a ponte entre o movimento na Europa e na América, tornando-se, junto com Duchamp e Man Ray, uma das principais figuras do Dadaísmo forte em New York. Além desta cidade, espalhou-se por Barcelona, Paris, Berlim, Colônia, Hangver. Um ponto importante desta expansão é que, ao chegar a Alemanha, o movimento teve um caráter mais social que artístico.

A fundação do Cabaret de Voltaire teve uma importância fundamental no movimento, já que era lá que os autores se reuniam para conversar, produzir, recitar poesias. Foi nele também que surgiram as duas mais importantes inovações dadaístas: o poema simultâneo e o poema fonético. O primeiro consiste na recitação simultânea do mesmo poema em várias línguas. O segundo, que foi desenvolvido por Ball, é composto unicamente por sons consonantais e vocálicos. Este com maior predominância.

Mas o Dadá não prendeu-se só a criações poéticas. O cinema e a fotografia também foram discutidos pelo movimento. Hans Rich e Man Ray são os principais representantes desta arte. Nas películas, o resultado era tanto abstrato, quanto absurdo, explorando imagens em movimento. Já na fotografia, Ray tirava fotos sem a câmera fotográfica utilizando a técnica do raiograma. A maioria destas produções faz parte dos anais da história da fotografia e do cinema artísticos.

Com uma arte tão “exótica”, o movimento não poderia durar muito tempo. O ano de 1922 foi o fim. Porém, alguns de seus representantes migraram para o Surrealismo.


Conclusão
Uma das características que marcou o Dadaísmo foi sua postura interdisciplinar dos trabalhos, afinal, poetas romancistas, artistas plásticos trabalhavam em conjunto. A combinação dos elementos foi importante para a definição da arte Dadá. Usando a subversão, o niilismo, a irreverência e a anarquia, o movimento acabou sendo uma arte rompedora, não só contra o status-quo, mas também com o conceito da própria arte, não apenas os seus princípios estéticos.

Um movimento radical que contestava tudo e todos. Uma vanguarda libertária e avassaladora, que tirou as amarras das artes. Criou, acima de tudo, os diálogos interdisciplinares e estabeleceu uma nova maneira de se enxergar o mundo.

¹Aluno do curso de Lic. Plena em Letras da UFPI-PICOS

Referências bibliográficas

HELENA, Lúcia. Movimentos da Vanguarda Européia. São Paulo: Scipione, 1993.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro: Vozes, 1978.

EXPRESSIONISMO: EXPRESSÃO CHOCANTE DE IDÉIAS E PENSAMENTOS


Éder de Moura¹
Francisco Tarcisio
José Geovânio
Nívia Sandra
Wendel Gonçalves



O Expressionismo surgiu como uma forma dar expressão chocante aos sentimentos e idéias, através da distorção da realidade. Tanto na pintura, como na Literatura, as características presentes eram: a insatisfação, nostalgia, melancolia e paixão, ou seja, os expressionistas buscavam registrar o estrago que a sociedade moderna causava nas pessoas.

Não foi produzido um manifesto expressionista, mas o seu marco deu-se com dois textos: “Os selvagens” (Franz Marc, 1912), e “O Expressionismo na poesia” (Kasimir Edschmid, 1918).

A segunda obra, citada acima, possui uma característica de deformação da realidade, interpretada subjetivamente pelos expressionistas. Nela, a realidade mostra os aspectos hediondos, terríveis e dolorosos. Outro aspecto é o caráter supranacional e, por ultimo, a valorização dos conteúdos subjetivos, que adquirem maior importância do que a experimentação técnica.

O Expressionismo teve sua maior força na Alemanha, onde foram formados dois grupos: “A ponte”, fundado em 1905, em Dresden, por Kirchner, Blye e Heckel, e “O Cavaleiro azul”, no ano de 1911, por Kandinsky, Klee e Macke.

¹Estudantes do Curso de Lic. Plena em Letras da UFPI, Picos-PI.
O primeiro grupo usava cores fortes, agressivas, formas com ângulos duros, com traços primitivos e forte contraste de tons. Já o segundo, foi o que mais exerceu influência na história da arte contemporânea, vindo a extinguir-se em 1914.

Todos os artistas que permearam os anos de 1910 a 1933 foram expressionistas pelas características do Expressionismo. Tal influência estendeu-se ao teatro, à Literatura, à poesia, ao romance e ao ensaio.

Alguns poemas, por exemplo, foram inspirados na catástrofe da guerra, com sentimentos de horror, sofrimento e solidariedade humana.

Segundo Lúcia Helena (1993, p. 42-43), na Literatura, os principais temas abordados são:
A derrocada do mundo burguês e capitalista; a denúncia de um universo em crise; a sensação de impotência diante de um mundo sem alma; visões apocalípticas e negativas; a ênfase na interioridade, no eu, nos sentimentos; a deformação grotesca do mundo; a ânsia de absoluto; a revolta dos filhos contra os pais; o choque das gerações.


Quanto à técnica, o Expressionismo aceita que: a lírica não deve ser rimada, não possuir musicalidade, versos sem sujeito e sem verbos, estilo elíptico e a liberdade de improvisação. Um exemplo desse tipo de poema é o de Jakob Van Hoddis, que em 1911 publica um dos principais poemas expressionistas Weltende (Fim do Mundo):


“O chapéu voa da cabeça do cidadão,
Em todos os ares retumba-se gritaria.
Caem os telhadores e se despedaçam
E nas costas – lê-se – sobre a maré.
A tempestade chegou, saltam a terra
Mares selvagens que esmagam largos diques.
A maioria das pessoas tem coriza.
Os trens precipitam-se das pontes”.
Na poesia, o artista empenhava-se por mostrar o homem como objeto da realidade, não escondendo suas opiniões:

Assim, o universo total do artista expressionista torna-se visão (...). Ele não colhe, ele procura. Agora não triste mais a cadeia dos fatos: fábricas, casas, doenças, prostitutas, gritaria e fome. Agora existe a visão disso. Os fatos têm significado somente até o ponto em que a mão do artista o atravessa para agarrar o que se encontra além deles. (EDSCHMID, In: TELES, 1987, p. 111).

Os Expressionistas não se identificavam com o modelo literário da geração anterior, nem com os princípios marxistas do socialismo da época, por isso chegavam a pregar um humanismo ingênuo, em que combatem a violência e a hipocrisia.

No Brasil, Augusto dos Anjos, autor do livro EU, apresentava muitas características expressionistas, pois possuía a atmosfera de densidade psicológica de dor, lamento e destruição. Em sua lírica utilizou um vocábulo extremamente científico, criando, no leitor, uma poesia impactante.

Na pintura, o Expressionismo teve sua representação. A tela que mais representa este movimento, pela angústia que demonstra, é O Grito (1906) do norueguês Edvard Munch:



A violência profética do que haveria de ser o grito lancinante da Europa dos guetos e dos campos de concentração e extermínio nazista, dos bombardeamentos em massa e dos Gulag estalinistas. Sobretudo, impossível de englobar em um só grito e de olvidar pela História, o trágico Holocausto, que aplicou a dizimação de milhões de judeus da Europa e explorou antes sua mão-de-obra escrava.

O Expressionismo influenciou muito mais a poesia que a pintura. Como sinal dessa identificação, havia, sobretudo, a crueza do verso, do verso militante que não procurava sustentar-se no lirismo, mas no descarnamento da realidade, uma poesia até o osso, como foi citado mais acima. Como nas obras de arte, o aspecto da deformação da realidade e a angústia existencial do homem moderno estão patentes na poesia expressionista.
¹Estudantes do Curso de Lic. Plena em Letras da UFPI, Picos-PI.

Bibliografia
HELENA, Lúcia. Movimentos da Vanguarda Européia. São Paulo: Scipione, 1993.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Européia r Modernismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Record, 1987.
Página na internet:
http://poetasalutor.blogspot.com/2007/10/expressionismo-uma-profecia-da-brbarie.html